Bolsonaro descreve um país fictício ao plenário da ONU

Ao fazer balanço positivo de seu governo, a 12 dias das eleições, presidente comporta-se novamente como candidato.

Como das outras vezes, o presidente Jair Bolsonaro apresentou, em seu quarto discurso na Assembleia Geral da ONU, um Brasil que não é reconhecido pela maioria dos brasileiros. Com alta rejeição entre os eleitores, mais uma vez, ele se dirigiu à sua base, descrevendo um país fictício, e vangloriando-se como defensor da liberdade de expressão, apesar dos frequentes ataques à imprensa.

O presidente seguiu o roteiro previsto e se comportou como candidato no plenário das Nações Unidas: sem citar o nome, atacou o seu principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assegurou ter extirpado a corrupção sistêmica no país, a despeito das denúncias que envolvem sua família e ex-ministros, como Ricardo Salles e Milton Ribeiro.

Entre outras falácias, disse que 80% da Floresta Amazônica permanecem intocados, apesar das medições de desmatamento apresentadas frequentemente por respeitadas entidades. “Dois terços de todo o território brasileiro permanecem com vegetação nativa, que se encontra exatamente como estava quando o Brasil foi descoberto, em 1500.”

O discurso do brasileiro, que abre a Assembleia Geral da ONU, foi naturalmente esvaziado pela ausência de seu tradicional sucessor no plenário: o presidente dos EUA, Joe Biden, mudou a agenda e só falará amanhã.

Ainda assim, o conteúdo parecia direcionado a quem o assistia no Brasil, e não a representantes de 193 países-membros. Ele fez propaganda das manifestações do Sete de Setembro como “a maior demonstração cívica da História do país”, defesa da liberdade religiosa e de seu programa de proteção para as mulheres.

A 12 dias das eleições, Bolsonaro procurou convencer a plateia de que o país, sob seu comando, é exemplo de tolerância, pujança econômica, referência para o mundo em termos de meio ambiente e desenvolvimento sustentável e alimenta o planeta graças ao seu agronegócio. Até agora, as repetidas pesquisas de opinião, contudo, contradizem tanta megalomania.

Por Sandra Cohen/O Globo

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