“Ganhando ou perdendo, Bolsonaro é ameaça à democracia”, alerta publicação britânica

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O comportamento do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), é destaque de capa da revista britânica The Economist novamente. Desta vez, a publicação alerta os brasileiros e a comunidade internacional para os riscos que ele representa à democracia do Brasil, ganhando ou perdendo as eleições de outubro. A revista lembra que o presidente, que tenta a reeleição, já afirmou que aceitará o resultado das urnas, desde que seja “limpo e transparente”. Na opinião da The Economist, será.

“O sistema de votação eletrônica do Brasil é bem administrado e difícil de adulterar. Mas aqui está o problema: Bolsonaro continua dizendo que as pesquisas estão erradas e que ele está a caminho de vencer. Ele continua insinuando, também, que a eleição pode de alguma forma ser manipulada contra ele. Ele não oferece nenhuma evidência confiável, mas muitos de seus apoiadores acreditam nele”, diz trecho da matéria.

Bolsonaro: “instintos tão autoritários quanto os de Donald Trump”

Segundo a revista, ele parece estar lançando as bases retóricas para denunciar uma suposta fraude eleitoral e negar o veredito dos eleitores. “Os brasileiros temem que ele possa incitar uma insurreição, talvez como a que a América sofreu quando uma multidão de apoiadores de Donald Trump invadiu o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 – ou talvez até pior.”

Um ponto de preocupação seria a possibilidade de Bolsonaro “pegar emprestado uma página da cartilha sem princípios de Trump”, o que já teria sido feito antes. Segundo a The Economist, ele semeia a divisão: o outro lado não é apenas errado, mas mau. O presidente brasileiro também rejeitaria as críticas às “notícias falsas”. Seus instintos seriam tão autoritários quanto os de Trump, manifestando nostalgia sobre os dias do regime militar no Brasil. “Um de seus filhos, que também é um de seus conselheiros mais próximos, aplaudiu abertamente os manifestantes do Capitólio. Bolsonaro foi um dos últimos líderes mundiais a aceitar que Biden havia vencido.”

Bolsonaro é mencionado como “um intrometido do Congresso de boca suja”, que se tornou presidente por conta de uma onda de “fúria anti-establishment” que ocorreu em 2018. Teria aprendido truques com Trump, como o uso das redes sociais para a propagação de fake news. A publicação reproduz a fala de Bolsonaro sobre uma eventual derrota, que seria a “prova de que o voto foi injusto”, e a de que se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencesse, entregaria o Brasil ao diabo. “Isso não faz sentido. Lula é um esquerdista pragmático e foi um presidente muito bem-sucedido entre 2003 e 2010. Impulsionado pelo boom das commodities, ele presidiu o aumento da renda e uma grande expansão do estado de bem-estar social”, diz o artigo.

Por The Economist/Uol

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