COP 27: Brasil fora de acordo e africanos cobram os países ricos pelos desastres

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Nesta terça (8), terceiro dia da COP27, a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, tiveram início as palestras no pavilhão brasileiro na conferência. O país, que será representado na semana que vem pelo atual ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, ficou de fora de uma parceria internacional para monitorar a conservação das florestas. O acordo, firmado ontem, reúne a União Europeia mais 26 países, inclusive vizinhos do Brasil que compartilham a floresta amazônica.

Brasil de fora Chamada de Parceria de Líderes para Floresta e Clima, a iniciativa é um desdobramento da Declaração de Florestas, um documento elaborado no ano passado durante a COP26, na Escócia, do qual o Brasil foi signatário. A parceria fechada nesse ano incluiu as nações que detêm as principais florestas tropicais do mundo, exceto o Brasil. A América do Sul está representada por Colômbia e Equador. Países da África, da Ásia e da Oceania também integram o grupo.

Em nota enviada ao jornal Folha de S. Paulo, o ministério das Relações Exteriores afirmou que o país não aderiu à parceria porque há foros melhores e mais ambiciosos para tratar do tema. Segundo o Itamaraty, a medida mais adequada seria a renovação do programa de pagamento por redução de desmatamento, um projeto do Fundo Verde para o Clima.

“Não consideramos que esta nova iniciativa na COP27 —o FCLP— ofereça o melhor formato para tratar das necessidades dos países em desenvolvimento”, informou o Itamaraty à Folha. Hoje, também na COP27, os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, da Venezuela, Nicolás Maduro, e do Suriname, Chan Santokhi, fizeram um apelo para uma nova aliança internacional em defesa da Amazônia. A ideia dos chefes de Estado é agregar na iniciativa todos os países da bacia amazônica. Pedido de US$ 2 trilhões. Um relatório encomendado pela presidência da COP27, publicado hoje, afirma que os países em desenvolvimento e emergentes, exceto a China, precisarão de US$ 2,4 trilhões —cerca de R$ 12,3 trilhões no câmbio atual— por ano, até 2030, para financiar o combate às mudanças climáticas.

Pedido de US$ 2 trilhões

Um relatório encomendado pela presidência da COP27, publicado hoje, afirma que os países em desenvolvimento e emergentes, exceto a China, precisarão de US$ 2,4 trilhões —cerca de R$ 12,3 trilhões no câmbio atual— por ano, até 2030, para financiar o combate às mudanças climáticas. Do montante total, segundo o documento, US$ 1 trilhão devem ser pagos por investidores internacionais, países desenvolvidos ou instituições multilaterais. O restante sairia das próprias economias dos próprios países emergentes, a partir de fontes privadas ou públicas. De acordo com o documento, este investimento é necessário para “reduzir as emissões, reforçar a resiliência, enfrentar as perdas e danos provocadas pela mudança climática e restaurar a terra e a natureza.

Declaração de Zelensky

O presidente da Ucrânia afirmou hoje, no discurso em vídeo feito à COP, que a guerra com a Rússia, iniciada em fevereiro deste ano, trouxe à tona uma série de questões urgentes para o planeta. Segundo enfatizou Zelensky, o conflito com os russos desencadeou uma crise energética global, destruiu florestas, agravou a fome e colocou o mundo à beira de um desastre nuclear com a tomada da usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa.

“O mundo necessita de honestidade. Se não tomarmos a agenda climática com seriedade, estaremos cometendo um erro catastrófico.”

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia

Cobranças aos países ricos. Um conjunto de líderes de pequenos países insulares e de nações africanas, que sofreram com graves desastres climáticos nos últimos anos, fizeram um apelo por ações mais efetivas dos governos de países mais ricos. Uma das críticas partiu de Ranil Wickremesinghe, presidente de Sri Lanka.

O líder da nação asiática, uma ilha próxima à costa indiana, criticou as nações ricas por suas prioridades econômicas. “Enquanto muitos países acham oportuno esperar para dar suas contribuições para o financiamento do clima, são os mesmos que estão agora no fronte da guerra na Ucrânia e parecem não ter escrúpulos para gastar muito dinheiro em um conflito”, disse.

O presidente do Palau, país da Oceania que tem sofrido com o aumento do nível do mar, fez um apelo à comunidade internacional. “Nós estamos nos afogando. A Covid-19 dizimou nossas economias e, enquanto estamos trabalhando para nos reconstruir, a crise climática está nos destruindo pedaço a pedaço”, declarou.

Por Rafael Neves/Uol

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